OLHO PARA FORA
Olho para fora
O medo me invade
O imenso céu chora
Sobre esta cidade
Negro firmamento
O chão rubro está
Chuva corroendo
O resto de ar
Feridas abertas
não querem secar
Almas libertas
Insistem em ficar
Irracional criatura
Mata a natureza
Por cobiça ou loucura
Esparge a impureza
Olho para fora
O medo me invade
Libertou Pandora
Mental insanidade
NEM ENTRADAS OU BANDEIRAS ALARGARÃO
Nem entradas ou bandeiras alargarão
o pequeno espaço que é a minha pátria.
Minha terra é onde estão minhas raízes.
As fronteiras já não têm significado,
as paredes já não podem me guardar.
O meu lar é onde estão minhas lembranças.
TINHA MENOS DE DEZ ANOS
Tinha menos de dez anos
e entre pequenos amigos discutia
o distante ano dois mil,
quando o mundo acabaria.
Com quarenta e um anos eu morreria.
Lá se vão, desde então,
outros vinte que voaram
mais velozes que aqueles quase dez.
Receio que no ritmo desta vida
tão inútil para a própria vida,
acorde amanhã e descubra
que mais dez anos se passaram
e o mundo já acabou.
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